quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Vinte Reais


Ah...! Eu nunca tive vergonha de papel!
Nunca tive vergonha de um pedaço de papel.
Tampouco vergonha da vergonha passada!
Mais vale moer um papelão até virar lembrança
do que recorda-lo como desonra.

O azedume foi meu acanhamento,
O agridoce é minha lembrança,
E o doce - ainda acre - será uma bela de uma experiência,
quando adocicar de vez.

Ah! O papel!

Precisava do papel. Não tinha o tal papel.
Passei um papelão por um papelzinho.
Papelzinho cheio de valor!
Cheio de títulos, autoridade e mérito.
Tanto temor, que tive de rogar por ele como se fosse um Deus.

-Deus! Por que me envergonhas?
-Foi só uma carteira esquecida!

Tive que pedir.

Uma nota de vinte
que carrega o desenho do mico detrás,
pagou minha liberdade envergonhada!
Paguei mico segurando o próprio mico na mão
ou melhor, não paguei, recebi o mico.
Oh Cédula celeste!
Um pedacinho de papel.

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